GREGÓRIO DE MATOS
DEFINE O POETA OS MAUS MODOS DE OBRAR NA GOVERNANÇA DA BAHIA, PRINCIPALMENTE NAQUELA UNIVERSAL FOME QUE PADECIA A CIDADE. Que falta nesta cidade? ... Verdade. Que mais por sua desonra? ... Honra. Falta mais que se lhe ponha? ... Vergonha. O demo a viver se exponha, Por mais que a fama a exalta, Numa cidade, onde falta Verdade, honra, vergonha. Quem a pôs neste socrócio? ... Negócio. Quem causa tal perdição? ... Ambição. E o maior desta loucura? ... Usura. Notável desaventura De um povo néscio e sandeu, Que não sabe que o perdeu Negócio, ambição, usura. Quais são meus doces objetos? ... Pretos. Tem outros bens mais maciços? ... Mestiços. Quais destes lhe são mais gratos? ... Mulatos. Dou ao Demo os insensatos, Dou ao demo o povo asnal, Que estima por cabedal Pretos, mestiços, mulatos. Quem faz os círios mesquinhos? ... Meirinhos. Quem faz as farinhas tardas? ... Guardas. Quem as tem nos aposentos? ... Sargentos. Os círios lá vêm aos centos, E a terra fica esfaimada, porque os vão atrave