Se Deus nos ama?
Sem se limitar pelo tempo,
Ele nos vê. Todos. Das matas da Virgínia ao centro comercial de Londres; dos vikings
aos astronautas; do homem das cavernas ao reis; do construtor de cabanas
ao acusador, e ao amontoador de pedras, Ele nos vê. Vagabundos e esfarrapados,
Ele nos viu antes que houvéramos nascido.
E Ele ama o que vê. Inundado
pela emoção. Acima do orgulho, o Criador das estrelas volta-se para nós, olha
um por um, e diz: — Você é meu filho. Eu o amo ternamente. Estou consciente de
que um dia você se afastará de mim, e andará ausente. Porém quero que saiba que
já lhe providenciei um caminho de volta.
E para prová-lo, Ele fez algo
extraordinário.
Descendo do trono, ele
removeu seu manto de luz, e evolveu-se em pele: pigmentada pele humana. A luz
do universo penetrou a escuridão, banhou o ventre. Ele, a quem os anjos
adoram, aninhou-se na placenta de uma camponesa, nasceu numa noite fria, e
então, dormiu num cocho.
Maria não sabia se lhe dava
leite ou louvor; deu-lhe portanto ambas as coisas, já que Ele era, tanto quanto
ela imaginava, faminto e santo.
José não sabia se o chamava
de Júnior, ou de Pai. Por fim, chamou-o de Jesus, já que fora esse o nome
mencionado pelo anjo, e já que ele não tinha a mais leve idéia de como chamar a
um Deus, que ele podia embalar nos braços.
Nem Maria, nem José, o disse
tão abruptamente quanto minha Sara, mas não pense você que suas cabeças não se
inclinavam, e suas mentes não ponderavam: “O que, neste mundo, está o Senhor
fazendo, Deus?” Ou, melhor fraseado: “Deus, o que o Senhor está fazendo neste
mundo?”
“Pode alguma coisa fazer-me
parar de amar você?” Pergunta Deus. “Observe-me falar sua língua, dormir em sua
terra, e sentir suas dores. Olhe para o Criador da visão e do som, enquanto Ele
espirra, tosse e funga. Você pergunta se eu entendo como se sente? Olhe dentro
dos olhos dançantes do menino de Nazaré; é Deus indo para a escola. Pense no
pequenino à mesa de Maria; é Deus derramando o leite.
“Você pergunta até quando
durará o meu amor? Encontre sua resposta numa cruz alcantilada, sobre um monte
escarpado. Esse que você vê lá em cima é o seu Criador, o seu Deus, furado com
pregos, e sangrando. Coberto de cuspe, e encharcado em pecado. É o seu pecado
que estou sentindo. É a sua morte que estou morrendo. É a sua ressurreição que
estou vivendo. É como eu amo você.”
“Pode alguma coisa
interpor-se entre você e eu?” Indaga o Primogênito.
Ouça a resposta, e firme o
seu futuro sobre as triunfantes palavras de Paulo: “Pois estou convencido de
que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro,
nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na
criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus
nosso Senhor” (Rm 8.38,39).
Max Lucado, livro Nas Garras da Graça.
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