Inspiração da Bíblia Sagrada
A palavra inspiração, não sendo bíblica, significa, normalmente,
uma influência sobrenatural do Espírito de Deus sobre os autores bíblicos,
garantindo que, aquilo que escreveram era precisamente o que Deus pretendia que
eles escrevessem para a transmissão da verdade divina, podendo, por isso,
dizer-se realmente "inspirados" ou theopneustos,
literalmente,
"soprados por Deus" (#2Tm 3.16). Como já não é novo para nós este assunto, limitar-nos-emos
agora a corrigir alguns equívocos.
A "inspiração" que garante a comunicação infalível da
verdade revelada é bem distinta da "inspiração" do artista criador.
Nada de confusões. A inspiração não só não implica estado anormal do espírito
do escritor, -por exemplo, visões ou audição de vozes estranhas, -como não
supõe, também, a aniquilação da sua personalidade. Deus providencialmente
preparou os meios humanos de inspiração para que os escritores pudessem cumprir
a sua tarefa; e, na maior parte dos casos, apenas através das faculdades normais.
Muitos estados de espírito são na realidade compatíveis com a inspiração. Não é
necessário supor-se que os autores tinham sempre a consciência de que estavam a
ser inspirados, quer dizer, que sabiam estar a escrever as Escrituras
Canônicas. Nem há razão para afirmar-se que um documento inspirado não possa,
na providência divina, ter sido compilado ou extraído de fontes por um processo
vulgar de composição histórica, passando por várias edições até atingir a sua
forma definitiva. O que deve admitir-se é que no fim de contas a obra foi theopneustos, e que através dela Deus quis comunicar aos
homens a Sua graça salvadora. Sendo assim, só podemos admitir a inspiração
verbal. E se as palavras da Escritura são inspiradas por Deus, é quase uma
blasfêmia não admitir a infalibilidade da sua doutrina, e a ausência de erro
nessas palavras. São prerrogativas que não podemos aprovar, ou desaprovar,
através da argumentação vulgar; porque as consideramos artigos de fé, baseadas
que são na doutrina de Cristo e no testemunho do Espírito a confirmarem que as
Escrituras Canônicas foram inspiradas por um Deus que não pode mentir. Quem as
nega rejeita o testemunho de Cristo, dos apóstolos e da própria Igreja Cristã
relativo à natureza da "Palavra de Deus" escrita, e com certeza não
possui nem compreende o testemunho interno do
Espírito Santo.
F. Davidson
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