Coração fraquejado
Atualmente, não temos gasto energia
alguma escrevendo sobre o que quer que seja, ao contrário, por vezes detestado
ter que escrever. De toda forma, não existe muita coisa sobre o que escrever, o
que tem mais acontecido reina a apatia.
Estamos em um processo no nosso
interior, nele tem se desenvolvido de forma crescente, de vazio, algo bem oco, resultando
em distâncias de tudo para com todos. Por aqui quem tem aparecido é um velho visitante,
o medo. Ele rouba a concentração, levando consigo o que temos de paciência e
humor. O medo nos deixa nu, todo o verniz se vai, até as coisas que julgávamos
como mais valiosas desapareceram — à parte Deus. Até o apego por pessoas e
instituições, o medo o expulsou para longe. A única coisa que resta, nosso
único conforto, é o eterno amor a Deus.
Não são poucos os momentos durante o
dia que bombas começam a cair, a ponto de sabermos aonde em nós não fomos atingidos,
na mente vem um barulho indescritível e ânsias apertam o coração com suas mãos
frias. Só conseguimos pensar numa coisa: se isso pudesse parar! Mas não para, e
começamos a achar que os nervos vão arrebentar, queremos gritar, mas não
conseguimos, temos de manter a dignidade, não podemos fraquejar. Tem sido
terrível manter as aparências ultimamente.
Na verdade, deveria sentir-me tão bem
por dentro, iluminado coração era para estar. Quem apenas observa, tende a crer
que temos alcançado o almejado, realizado o que para muitos são sonhos e
objetivos de vida, mas não estamos conseguindo se sentir alegre e feliz. Na
realidade estamos tremendo de medo, o fantasma das decepções ronda por aqui e
nos ameaça.
O pior é ouvir elogios cansativos da
nossa força, dos nossos corações fortes. Se ficassem sentados conosco por uma
hora, poderiam ver como é fraco o coração humano, mas duvidamos que nos vejam
assim, pois, se atém a reparar nas coisas, nas conquistas, no nome, ao lerem
isto, nos chamarão de ingratos, de “homem de pouca fé”. Embora tenhamos fé,
nosso coração é fraco demais, o medo é tão incrivelmente grande que nada resta
de força. Confessamos que nossa fraqueza diária é que possuímos um coração
humano que fraqueja.
Joaquim Queiroz
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