Incoerências
O amor, violência premeditada, euforia
escancarada, motivação de não morrer. Estado de graça, aquela palavra que mói os
ouvidos, que perturba os sonhos com sua mão, com refrão em doces versos
recitados. O amor derivado do nada, proveniente de tudo, o querer e não ter. O
atingir o nirvana, o encontrar pouca fama, um pouco do “eu” em
você.
A revanche, o tédio, o perdão. Tudo que de mãos
dadas, com um pouco de farsa e uma pitada a gosto de cegueira. Uma sombra
guerreira ao lado de quem já foi consumido, aquele eterno grito que ecoa por
toda madrugada. Um querer e ter nada, uma raiva assombrada, uma vida regrada,
uma rosa e um não.
O gole estúpido de vinho, uma flor, um espinho,
o mal dizer já dito, o arrependimento, o carinho. Um traço por entre o corpo, o
sangue que passa por entre os dedos, a ira, a subversão.
O destino na contra mão, uma gravura do não
ser, o pecado a traição. Uma loucura do mais racional, a busca do anormal, o
doer, o morrer, a própria vida em bocas e sorrisos escancarados.
( Lucio Wagner Correia Vieira
)
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