"PUREZA DE SANGUE" E "RAÇAS INFECTAS" - INQUISIÇÃO NO BRASIL
Portugal é tido por muitos como uma nação não muito discriminadora, por
que muito negros mestiços e gentes oriundos de outros povos conquistaram cargos
na administração portuguesa. Todavia Charles Boxer nos mostra que uma análise
detalhada como eram as relações sociais dos portugueses com os povos
conquistados.
É notório que a Igreja Católica possuía um papel preponderante na
sociedade portuguesa, sua relação efetiva com a introdução de outras gentes em
seu clero muito significou. Principalmente através dos jesuítas muitos
asiáticos e africanos foram catequizados e ensinados para serem posteriormente
ordenados a padres. Por mais que muitos fossem entusiastas na questão do
multirracial a grande maioria dos padres portugueses considerava os nativos
inaptos, várias eram as críticas diziam que tinham espírito pobre, não tinham
condições de cumprir as exigências do curso. Existe por parte dos padres
portugueses aversão quanto á ordenação de padres nativos o consideravam de
baixo nível, viciosos e estúpidos, e os mestiços quanto mais sangue nativo
tivessem menos estimados eram. Os franciscanos admitiam mestiços como noviços,
o que só ocorreu após uma reunião com o papa mostrando a diferença entre um
nativo e um mestiço. Muitos dominicanos consideravam todas as raças de cor (em
especial os indianos e africanos) como profundamente inferiores á branca.
Na Índia os portugueses mesmo querendo estimular o crescimento do clero
secular, procurou não interferir no sistema de castas, o que levou há alguns
atritos entre elas. Não muito diferente da Índia, a África enfrentou as mesmas
resistências apesar de ter começado bem antes ordenações de nativos. O que
ajudou os nativos foi o entusiasmo do Vaticano pela formação de clérigos
nativos e a ação do marquês de Pombal colocando como crime insultos e ofensas,
praticamente uma lei anti-racista. Mesmo após a destituição de Pombal a
política de abrir novos seminários e coibir o racismo a outras raças de cor
continuaram.
No Brasil o indivíduo passava por um inquérito judicial no qual provava a
pureza de sangue, caso tivesse passado mestiço isto facilitava. Contudo havia
rivalidade entre os “filhos da terra” e os “filhos do reino”. Aqui algumas
ordens admitiam outras nem isso faziam à discriminação era explícita mesmo que
isso resultassem em descumprimento da ordem de Roma.
Até no setor da administração local, havia restrições aos mestiços,
provas de pureza de sangue, anos posteriores que houve dispensa. A Coroa
concedia títulos de cavaleiros para alguns, mas também agia com severidade para
muitos. A questão da escravidão eles colocavam linhas teológicas e a doutrina
da missão civilizadora como justificativa. Qualquer crítica era rebatida
veemente, tanto para defensores dos negros e mestiços quanto em relação aos
judeus. Os judeus foram duramente perseguidos “pessoas de sangue infecto”,
sequer algum escrito em hebraico era permitido ou prática do judaísmo.
A Inquisição portuguesa foi responsável por vários tipos de perseguições
e discriminações, sua censura foi rigorosa, empreendeu-se forte luta contra judeus,
protestantes, heréticos e cristãos novos, ninguém a não ser a nobreza titular,
o clero e os aldeões mais autênticos podia se sentir salvo de denúncias
anônimas. Os inquisidores criaram mais cristãos novos e judeus do que realmente
havia, no período pombalino quando as perseguições foram abrandadas diminui-se
o número de cristãos novos.
Comentários
Postar um comentário