Namorar ou Ficar? Eis a questão! Parte 1

A sociedade atual está em estado de mutação constante. Termos novos são criados, termos antigos são reinterpretados. Não há verdades absolutas e sim opiniões e verdades particulares. “Cada ser é um universo”, dizem, e todos devem criar para si os seus próprios padrões e verdades. Jovens e adolescentes estão sendo formados nesta sociedade mutante. Os conceitos aprendidos em família, por serem frágeis e apenas nominais, não sobrevivem à avalanche de deseducação encabeçada pela mídia e pelos formadores de opinião. Isto é igualmente válido para o lado afetivo do jovem.

Um pouco de história
O dicionário Aurélio define NAMORAR como:

Procurar inspirar amor;
Andar de namoro com;
Enamorar-se (que por sua vez significa deixar-se possuir de amor, apaixonar-se).

FLERTAR significa namoro rápido, namorico. Até bem pouco tempo o namoro era algo pré-nupcial, com regras bem definidas e padrão comumente aceito. Alguém, ao sentir-se atraído pelo sexo oposto, procurava-o, propondo-lhe namoro. Este consistia de encontros constantes, com diálogos sobre os dois, momentos de romance, abraços e beijos limitados, com considerável reserva e planos para o futuro. Os encontros eram feitos na casa da moça, com a presença de familiares, na sala, ou no portão, até às 22h, no máximo. Também constavam passeios, atividades mútuas e correspondência.
Com o advento da era pós Beatles (conjunto de rock-and-roll inglês, que revolucionou a cultura ocidental após a década de 60) e o desenrolar do movimento Hippie (jovens americanos que lutavam pela liberação das drogas, extinção da família e amor livre), o namoro sofreu grandes mutações. Seus limites foram ampliados. Os encontros passaram a ser em cinemas, pizzarias, clubes, etc., sem a presença de familiares. No seu bojo as carícias íntimas e os atos pré-sexuais encontraram espaço livre. Como conseqüência, o número de jovens que se casaram grávidas ou ficaram sós aumentou vertiginosamente. Namoro passou a ser a sala vip do casamento, faltando apenas o chamado papel passado. Por serem mal formadas, muitas famílias tornaram-se desestruturadas, terminando em divórcios. Filhos cresceram deficientes psicologicamente, sem modelos paternos e maternos consistentes. Na década de 80 a chamada amizade colorida entrou em ação. Tratava-se de algo diferente do namoro. Rapazes e moças mantinham encontros libidinosos, com o compromisso de não terem quaisquer compromissos!

Com o passar dos anos o namoro continuou em processo de mutação. O império da AIDS trouxe uma transformação na aceleração da libertinagem juvenil. Os preservativos entraram na lista de materiais comuns da lista de compras dos adolescentes, como a pílula na década de 70. Parte desta população resolveu dar um tempo, se cuidar. Nos Estados Unidos da América, uma igreja Batista iniciou, junto aos seus adolescentes, uma campanha intitulada “QUEM AMA, ESPERA”. Grande parte daquela região aderiu. Porém, uma nova modalidade de namoro surgiu. Como a adolescência é uma idade instável, o desejo de independência provocou um novo tipo de relação: FICAR. Pesquisando entre adolescentes, chegamos a seis conclusões sobre o que significa para eles o FICAR: é namorar de brincadeira, é praticar para ver se vai dar certo, é suprir provisoriamente a carência afetiva e sexual, é curtir todo mundo numa boa, sem compromisso, é namoro avançado, onde vale tudo e por último, é moda entre os jovens e adolescentes.

Por Ricardo Paixão

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