A Finalidade da Cruz - parte 2
A
cruz revela a malignidade do homem e o amor de Deus
Assim sendo, a cruz
revela, pela eternidade adentro, a terrível verdade de que, abaixo da bonita
fachada de cultura e educação, o coração humano é “enganoso... mais do que
todas as cousas, e desesperadamente corrupto” (Jr 17.9), capaz de executar
o mal muito além de nossa compreensão, até mesmo contra o Deus que o criou e
amou, e que pacientemente o supre. Será que alguém duvida da corrupção, da
maldade de seu próprio coração? Que tal pessoa olhe para a cruz e recue dando
uma reviravolta, a partir de seu ser mais interior! Não é à toa que o humanista
orgulhoso odeia a cruz!
Ao mesmo tempo que
a cruz revela a malignidade do coração humano, entretanto, ela revela a
bondade, a misericórdia e o amor de Deus de uma maneira que nenhuma outra coisa
seria capaz. Em contraste com esse mal indescritível, com esse ódio diabólico a
Ele dirigido, o Senhor da glória, que poderia destruir a terra e tudo o que
nela há com uma simples palavra, permitiu-se ser zombado, injuriado, açoitado e
pregado àquela cruz! Cristo “a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente
até à morte, e morte de cruz” (Fp 2.8). Enquanto o homem fazia o
pior, Deus respondia com amor, não apenas Se entregando a Seus carrascos, mas
carregando nossos pecados e recebendo o castigo que nós justamente merecíamos.
A cruz prova que existe perdão para o pior dos pecados
Existe, ainda, um
outro sério problema com o símbolo, e especialmente o crucifixo católico que
exibe um Cristo perpetuamente pendurado na cruz, assim como o faz a missa. A
ênfase está sobre o sofrimento físico de Cristo como se isso tivesse
pago os nossos pecados. Pelo contrário, isso foi o que o homem fez a Ele e só
podia nos condenar a todos. Nossa redenção aconteceu através do fato de que Ele
foi ferido por Jeová e “sua alma [foi dada] como oferta pelo pecado” (Is
53.10); Deus fez “cair sobre ele a iniqüidade de nós todos” (Is 53.6); e
“carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados”
(1 Pe 2.24).
A morte de Cristo é
uma evidência irrefutável de que Deus precisa, em Sua justiça, punir o pecado,
que a penalidade precisa ser paga, caso contrário não pode haver perdão. O fato
de que o Filho de Deus teve que suportar a cruz, mesmo depois de ter clamado a
Seu Pai ao contemplar em agonia o carregar de nossos pecados [“Se possível,
passe de mim este cálice!” (Mt 26.39)], é prova de que não havia outra
forma de o ser humano ser redimido. Quando Cristo, o perfeito homem, sem pecado
e amado de Seu Pai, tomou nosso lugar, o juízo de Deus caiu sobre Ele em toda
sua fúria. Qual deve ser, então, o juízo sobre os que rejeitam a Cristo e se
recusam a receber o perdão oferecido por Ele! Precisamos preveni-los!
Ao mesmo tempo e no
mesmo fôlego que fazemos soar o alarme quanto ao julgamento que está por vir,
precisamos também proclamar as boas notícias de que a redenção já foi
providenciada e que o perdão de Deus é oferecido ao mais vil dos pecadores.
Nada mais perverso poderia ser concebido do que crucificar o próprio Deus! E
ainda assim, foi estando na cruz que Cristo, em seu infinito amor e
misericórdia, orou: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc
23.34). Assim sendo, a cruz também prova que existe perdão para o pior dos
pecados, e para o pior dos pecadores.
Cuidado: não anule a cruz de Cristo!
A grande maioria da
humanidade, entretanto, tragicamente rejeita a Cristo. E é aqui que enfrentamos
outro perigo: é que em nosso sincero desejo de vermos almas salvas, acabamos
adaptando a mensagem da cruz para evitar ofender o mundo. Paulo nos alertou
para tomarmos cuidado no sentido de não pregar a cruz “com sabedoria de
palavra, para que se não anule a cruz de Cristo” (1 Co 1.17). Muitos
pensam: “É claro que o evangelho pode ser apresentado de uma forma nova, mais
atraente do que o fizeram os pregadores de antigamente. Quem sabe, as técnicas
modernas de embalagem e vendas poderiam ser usadas para vestir a cruz numa
música ou num ritmo, ou numa apresentação atraente assim como o mundo comumente
faz, de forma a dar ao evangelho uma nova relevância ou, pelo menos, um sentido
de familiaridade. Quem sabe poder-se-ia lançar mão da psicologia, também, para
que a abordagem fosse mais positiva. Não confrontemos pecadores com seu pecado
e com o lado sombrio da condenação do juízo vindouro, mas expliquemos a eles
que o comportamento deles não é, na verdade, culpa deles tanto quanto é
resultante dos abusos dos quais eles têm sido vitimados. Não somos todos nós
vítimas? E Cristo não teria vindo para nos resgatar desse ato de sermos
vitimados e de nossa baixa perspectiva de nós mesmos e para restaurar nossa
auto-estima e auto-confiança? Mescle a cruz com psicologia e o mundo abrirá um
caminho para nossas igrejas, enchendo-as de membros!” Assim é o
neo-evangelicalismo de nossos dias.
Ao confrontar tal
perversão, A. W. Tozer escreveu: “Se enxergo corretamente, a cruz do
evangelicalismo popular não é a mesma cruz que a do Novo Testamento. É, sim, um
ornamento novo e chamativo a ser pendurado no colo de um cristianismo seguro de
si e carnal... a velha cruz matou todos os homens; a nova cruz os entretêm. A
velha cruz condenou; a nova cruz diverte. A velha cruz destruiu a confiança na
carne; a nova cruz promove a confiança na carne... A carne, sorridente e
confiante, prega e canta a respeito da cruz; perante a cruz ela se curva e para
a cruz ela aponta através de um melodrama cuidadosamente encenado – mas sobre a
cruz ela não haverá de morrer, e teimosamente se recusa a carregar a reprovação
da cruz”.
Dave Hunt
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