A Finalidade da Cruz - parte 3
A
cruz é o lugar onde nós morremos em Cristo
Eis o “x” da
questão. O evangelho foi concebido para fazer com o eu aquilo que a cruz fazia
com aqueles que nela eram postos: matar completamente. Essa é a boa notícia na
qual Paulo exultava: “Estou crucificado com Cristo”. A cruz não é uma
saída de incêndio pela qual escapamos do inferno para o céu, mas é um lugar
onde nós morremos em Cristo. É só então que podemos experimentar “o poder da
sua ressurreição” (Fp 3.10), pois apenas mortos podem ser ressuscitados.
Que alegria isso traz para aqueles que há tempo anelam escapar do mal de seus
próprios corações e vidas; e que fanatismo isso aparenta ser para aqueles que
desejam se apegar ao eu e que, portanto, pregam o evangelho que Tozer chamou de
“nova cruz”.
Paulo declarou que,
em Cristo, o crente está crucificado para o mundo e o mundo para ele (Gl 6.14).
É linguagem bem forte! Este mundo odiou e crucificou o Senhor a quem nós amamos
– e, através desse ato, crucificou a nós também. Nós assumimos uma posição com
Cristo. Que o mundo faça conosco o que fez com Ele, se assim quiser, mas fato é
que jamais nos associaremos ao mundo em suas concupiscências e ambições
egoístas, em seus padrões perversos, em sua determinação orgulhosa de construir
uma utopia sem Deus e em seu desprezo pela eternidade.
Crer em Cristo
pressupõe admitir que a morte que Ele suportou em nosso lugar era exatamente o
que merecíamos. Quando Cristo morreu, portanto, nós morremos nEle: “...julgando
nós isto: um morreu por todos, logo todos morreram. E ele morreu por todos,
para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por
eles morreu e ressuscitou” (2 Co 5.14-15).
“Mas eu não estou
morto”, é a reação veemente. “O eu ainda está bem vivo”. Paulo também
reconheceu isso: “...não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero,
esse faço” (Rm 7.19). Então, o que é que “estou crucificado com Cristo”
realmente significa na vida diária? Não significa que estamos automaticamente “mortos
para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus ” (Rm 6.11). Ainda possuímos uma
vontade e ainda temos escolhas a fazer.
O poder sobre o pecado
Então, qual é o
poder que o cristão tem sobre o pecado que o budista ou o bom moralista não
possui? Primeiramente, temos paz com Deus “pelo sangue da sua cruz” (Cl
1.20). A penalidade foi paga por completo; assim sendo, nós não tentamos mais
viver uma vida reta por causa do medo de, de outra sorte, sermos condenados,
mas sim por amor Àquele que nos salvou. “Nós amamos porque ele nos amou
primeiro” (1 Jo 4.19); e o amor leva quem ama a agradar o Amado, não
importa o preço. “Se alguém me ama, guardará a minha palavra” (Jo
14.23), disse o nosso Senhor. Quanto mais contemplamos a cruz e meditamos
acerca do preço que nosso Senhor pagou por nossa redenção, mais haveremos de
amá-lO; e quanto mais O amarmos, mais desejaremos agradá-lO.
Em segundo lugar,
ao invés de “dar duro” para vencer o pecado, aceitamos pela fé que morremos em Cristo. Homens
mortos não podem ser tentados. Nossa fé não está colocada em nossa capacidade
de agirmos como pessoas crucificadas mas sim no fato de que Cristo foi
crucificado de uma vez por todas, em pagamento completo por nossos pecados.
Em terceiro lugar,
depois de declarar que estava “crucificado com Cristo”, Paulo
acrescentou: “logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e
esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou
e a si mesmo se entregou por mim” (Gl 2.20). O justo “viverá por fé”
(Rm 1.17; Gl 3.11; Hb 10.38) em Cristo; mas o não-crente só pode colocar sua fé
em si mesmo ou em algum programa de auto-ajuda, ou ainda num guru desses bem
esquisitos.
Dave Hunt
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