Um Noite no Mar da Galiléia
Nosso barco é empurrado vagarosamente para o calmo mar da Galileia.
Seria mais uma viagem, entre tantas já feitas ali.
Mas, Ele não veio conosco.
Depois que a multidão fosse dispersa, sabíamos que a contínua intimidade com o Pai o levaria ao monte a orar.
Entre o sussurro das ondas pudemos ouvir seu riso ao brincar com uma criança.
Foi a última vez que ouvimos a sua voz naquele dia.
A nossa conversa não poderia ser outra.
Era impossível não recordar de suas palavras e do seu doce olhar.
Perceber seu amor pelo nosso povo.
E o que tínhamos acabamos de presenciar era sobrenatural.
Cinco pães. Dois pequenos peixes. Uma multidão saciada.
Nossa mente nunca poderia imaginar tão grande milagre.
Nem nossa fé pôde crer. Como Ele fazia aquilo?
Não se houve mais o canto de pássaros. O dia já declinara.
É noite. Sem estrelas. O vasto e negro céu se estende sobre nós.
Sozinhos. Em um barco. No meio do mar.
O início de uma chuva e a rápida mudança na direção dos ventos faz voltar a nossa mente para uma inevitável tempestade.
O forte sonido do vento contra o leme nos atordoa.
Um grito se ouve a proa. Remos as mãos.
Nossa experiência de pescadores parece não funcionar.
O barco segue o rumo das impetuosas ondas.
Os músculos se contraem em dor. Já são horas em desespero.
Exaustão física e mental.
A chuva e as ondas inundam o pequeno barco.
O vento não se contém. A morte parece ser inevitável.
É a quarta vigília. O terror nos domina pelo o que agora vemos.
Aqueles vestidos brancos nos recordam a um fantasma.
Seus pés flutuam sobre tão grandes ondas.
Ele vem ao nosso encontro.
Veraz pânico dissipou-se ao ouvir a sua voz.
Quem poderia dizer aquilo?
O Cansaço e a fadiga opuseram-se a nossa diminuta fé.
A aflição e o desespero ofuscaram o seu rosto.
O medo e o pavor nos impediram de perceber.
Era Ele. O Mestre.
Ânimos redobrados com a Sua presença em nosso barco.
A fúria de um veemente mar dá lugar a uma densa calmaria.
O vento se cala. Os pássaros cantam anunciando o nascer do sol.
A brisa é suave e a praia está aos nossos pés.
O céu é azul e sem nuvens.
(Baseado em Marcos 6. 45-53)
Por Ary Gabriel
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