Cosmologia: conceito hebraico do universo

Em vários casos, saber algo da cosmologia do povo hebreu da época do Antigo Testamento é indispensável para que o leitor possa ter uma boa compreensão daquilo que um texto específico está tentando comunicar. A sua cosmologia está vinculado aos conceitos dos povos vizinhos, porém é ao mesmo tempo distinto desses outros conceitos. É importante conhecê-los, especialmente ao lidar com as narrativas que fazem referência à criação e ao dilúvio. Marcas deste conceito se encontram também em outras narrativas, em descrições tanto do além-túmulo como de aspectos do universo físico.

O conceito hebraico do formato do universo deve ser considerado ao tratar de assuntos tais como a criação. Os hebreus tinham a mesma percepção “científica” do mundo dos outros povos de sua época, porém faziam suas distinções. Em matéria do formato físico-estrutural do universo, tinha muito em comum com os outros povos. O texto bíblico usa termos como “abismo”, “expansão” (em algumas traduções “firmamento”)36, “janelas dos céus”37, e outros termos que de certo soam um tanto estranhos no século presente. Estes termos refletiam a forma antiga de se refletir sobre o mundo a sua perspectiva do universo criado por Deus. Pode-se ver que certos assuntos atuais, como a preocupação de encontrar vida em outros planetas, não tem cabimento no texto bíblico pelo simples fato de que estas perguntas baseiam-se em outra cosmologia, muito distinta daquela dos hebreus.

O gráfico apresentado a seguir ajuda na compreensão da perspectiva “científica” dos hebreus referente ao formato do universo, refletido especialmente em passagens como Gênesis 1-11 e de Jó 38-41, na qual Deus faz perguntas a respeito da criação do universo que Jó não consegue responder. Os elementos comuns entre os hebreus e os outros povos são diferenciados em seus termos representativos, e especialmente da sua explicação religiosa. É importante lembrar que mesmo quando o conceito hebraico reflete certas noções tidas em comum com os outros povos, a ênfase das narrativas hebraicas é a de oferecer uma crítica nos pontos em que divergem deles pela revelação de Deus.

Este gráfico do conceito hebraico da estrutura do universo limita-se a uma fração mínima da cosmologia científica atual. Pode-se ver como a Bíblia utiliza certa terminologia que se refere à cosmologia de seus autores. Podia-se acrescentar ao gráfico o título de “firmamento” ou “expansão” para o círculo dos céus que separa as águas acima do firmamento da zona que se denomina hoje por atmosfera. Estes termos ajudavam o povo a falar do mundo ao seu redor, mesmo que o seu conceito específico tenha sérios problemas em face da ciência atual. Entender a cosmologia hebraica é de ajuda para compreender as implicações das narrativas que utilizam a terminologia do mesmo conceito. Quando o autor bíblico refere-se às janelas do céu, é bom saber que faz referência ao seu conceito de como a água acima do firmamento chega até a terra em forma de chuva.

A cosmologia é uma área da ciência que influi muito em vários aspectos da comunicação humana, pois muitos dos seus conceitos alteram a forma de conceber o que acontece em volta do indivíduo e a sua sociedade. A cosmologia hebraica aparece até no livro de Apocalipse, aonde o “‘abismo sem fundo’ está vinculado a idéias concernentes à forma do mundo. A terra era concebida como um disco plano que flutuava em cima de água. O abismo refere-se às profundezas imensuráveis debaixo da terra, para o qual pensava-se existir uma fenda capaz de ser selada”. Até o Novo Testamento, portanto, sente a influência desta cosmologia.

 Segue-se o quadro: “Conceito Hebraico do Universo” - WEST, 81.
 Gênesis 1.2,6-8,16-17, 7.11; Êxodo 20.4.
STBRS – Teodicéia, Demonologia, Hamartiologia, e Antropologia Pr. Chrístopher B. Harbin
Doutrina de Deus.doc Imp: 2001-12-05 © 2001 por Chrístopher B. Harbin Todos os direitos reservados. p.8 de 23

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

As Três Vontades de Deus

A ENTRADA DA IGREJA NOS CÉUS

OS 03 ELEMENTOS BÁSICOS PARA A SALVAÇÃO