A Igreja Local de Witness Lee - Parte 03
Meu zelo pelos
ensinamentos de Lee me promoveu a posições de responsabilidade no grupo. Em
apenas seis meses, eu era o líder da casa de solteiros. Eu recrutava novos
adeptos fervorosamente, e nunca perdi nenhuma das 4 a 6 reuniões semanais
mandatórias. Os fins de semana eram para o recrutamento de novos adeptos, e
feriados eram para conferências em vários lugares. Tais obrigações, e mais um
emprego em tempo integral, me deixaram exaustos.
O estilo de vida
é semi-comunal. Os membros não possuem propriedade privada; entretanto, um
forte sentimento de comunidade e de divisão de bens materiais é encorajado. Uma
vez que a pessoa se junta à organização, há provisão para suas necessidades básicas.
Sem preocupações sobre essas necessidades, o membro então obedece à hierarquia
mais completamente.
Eu me lembro que
umas 100 pessoas foram transferidas da Califórnia para o estado de Virginia
para que formassem um novo grupo lá. A organização cuidou desses membros até
que eles pudessem se estabelecer em seus novos lares. Esse tipo de
transferência era comum. A cada ano, os líderes pediam a um número de membros
que se mudassem para uma cidade diferente. Alguns eram ordenados a mudarem,
enquanto que outros iam voluntariamente. Era esperado que cada pessoa fosse
sempre relocada depois de alguns anos.
No natal de 1972
eu enfrentei um dilema: ou ia para casa, para ver meus pais, ou ia a uma
conferência em Detroit. Eu queria ir para casa, mas fui pressionado a ir para
Detroit. Uma lei da organização, ainda que implícita, era que a pessoa devia
esquecer de sua família e se comprometer com a causa. Eu me lembro da minha mãe
chorando ao telefone quando eu disse a ela que não poderia estar com eles no
natal, pelo segundo ano seguido. Eu fui a Detroit para mis um fim de semana de
cantaria, gritaria, e doutrina.
Pela providência
divina, porém, essa escolha aparentemente errada deu uma reviravolta na minha
vida e no meu comprometimento. Um homem pregou sobre o rei Davi que teve o
coração arrependido perante Deus. Ele nos encorajou a termos o coração
arrependido, como Davi. Obviamente, o que o pregador queria dizer era que
devíamos ter corações dispostos a serem ensinados pelo movimento e prontos a
obedecerem aos líderes. Mas o que ele disse, o Senhor usou para o bem.
Eu voltei daquele
fim de semana com uma atitude diferente. Eu ainda tinha um compromisso forte
com o movimento, e ainda não pensava em sair. Mas eu estava determinado a
permitir que as Escrituras falassem comigo, e estava disposto a me arrepender a
qualquer coisa na minha vida que não se alinhasse com as Escrituras. Essa
mudança no coração, operada pelo Espírito Santo, foi o que me deu o ímpeto para
deixar o grupo.
Nos próximos seis
meses, eu continuei a ser ativo no movimento. Eu me tornei um dos líderes do
grupo de jovens, ouvindo os ensinamentos de Witness Lee em fitas cassete (que
vinham da central em Los Angeles) e repetindo o conteúdo nas reuniões.
Eu ouvia as
fitas, mas ao mesmo tempo eu passava mais tempo estudando individualmente a
Palavra. Eu acordava cedo para orar, ler e buscar ao Senhor. Comecei então a
ter duvidas sobre o que tinha sido ensinado. Percebi que deveria obedecer a
Deus a não ao homem, e que, ao contrário do que Lee dizia, minha mente era uma
coisa boa que Deus queria renovar e usar. Os cânticos e a prática de “Orar-Ler”
a Palavra se tornaram estranhos para mim à luz das Escrituras que ensinam um
Deus de ordem e de razão.
O processo havia
começado. Numa manhã de abril, quando morava em Cleveland, eu saí do grupo. Nas
duas semanas seguintes, quase tive um pane mental. Eu estava paranóico e
exausto, não sabendo exatamente o que fazer, mas tinha a promessa de que o
Senhor era o meu Pastor, e que ele nunca me abandonaria. Fui a um centro
comunitário para pensar. As pessoas lá me levaram para uma igreja grande e
antiga onde cristãos davam assistência a jovens universitários. Eu freqüentei
alguns dos encontros, que eram informais como outros que havia freqüentado
antes.
Numa noite um
jovem leu Romanos 5:1, enfatizando que a paz com Deus era possível somente pela
graça . Nossos esforços para agradar a Deus não serviam. Aquelas palavras me
disseram tudo. Todo o meu zelo e dedicação tinham sido tentativas de agradar a
Deus e ganhar sua aprovação. Minhas lágrimas escorreram. Finalmente eu estava
em paz com a Sua graça.
Artur Casci é o
pastor da Resurrection Lutheran Church (Igreja Luterana da Ressurreição) em
Detroit, Michigan. Este artigo foi publicado na edição da revista Lutheran
Witness (Testemunho Luterano) de agosto de 1982. O autor concedeu permissão
escrita para a reprodução eletrônica do artigo. Nota especial: o autor é da
opinião de que o movimento da Igreja Local não deve ser considerado uma seita.
Ele está aberto a discussões sobre a sua experiência pessoal com a Igreja
Local. Ele pode ser contactado no seguinte endereço:
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