TRÊS PRINCÍPIOS DO PROTESTANTISMO - Parte 02
Este é um dos três princípios do protestantismo.
Sola Scriptura:
Onde a Bíblia afirma ser a Palavra de Deus, o
verdadeiro Protestantismo aceita esta declaração como a verdade. Os
protestantes acreditam, como Paulo, que toda a Escritura é "inspirado por
Deus", que a Bíblia é o guia para a salvação e que é através da Palavra
escrita de Deus que o crente se torna "perfeitamente habilitado para toda
boa obra".(II Tm.3:17) Os protestantes atribuem à Bíblia exatamente a
mesma autoridade que Jesus Cristo atribuíra à Bíblia da sua época. Disse Jesus:
"Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas: não vim para revogar,
vim para cumprir. Porque em verdade vos digo: Até que o céu e a terra passem,
nem um i ou til jamais passará da lei, até que tudo se
cumpra".(Mt.5:17-18)
Por ficar ao lado de Jesus nesta questão da
autoridade da Bíblia, o Protestantismo renuncia a autoridade das tradições
humana. Quando Jesus debateu com os fariseus, ele respondeu às suas críticas
com a seguinte acusação: "... E assim invalidastes a Palavra de Deus, por
causa da vossa tradição".(Mt.15:6) Jesus muitas vezes contradizia as
tradições dos homens, mas ele cumpria, mantinha e defendia a Palavra de Deus.
No Sermão do Monte Jesus expôs a confiança dos judeus na tradição rabínica
quando disse:
"Ouvistes o que foi dito aos antigos... Eu, porém,
vos digo...".(Mt.5:21-22) Desta maneira Jesus contradizia os ensinamentos
tradicionais dos rabinos que haviam pervertido a Palavra de Deus através de
falsas interpretações. Jesus disse, em outras palavras: "Esqueçam o que os
rabinos lhes ensinaram e ouçam o que eu digo, pois a minha palavra é a Palavra
de Deus". Quando comparada ao Velho Testamento, as palavras de Jesus são,
realmente, a Palavra de Deus.
Lutero combateu a venda de indulgências e das outras
superstições da igreja medieval porque ele percebeu que estas coisas não
estavam baseadas na Bíblia. No entanto, ele se tornou a figura central de uma
controvérsia intensa. O papa e o imperador se tornaram contra Lutero
violentamente, e os príncipes da Alemanha receberam ordens para avançarem
contra ele. O papa exigiu que Lutero se apresentasse em Roma para responder às
acusações que pesavam contra ele. Lutero, no entanto, tinha um protetor,
Frederico o Sábio, Príncipe da Saxônia. Frederico sabia que Lutero não
receberia uma chance justa em um tribunal em Roma. Se ele teria de ser julgado,
teria que ser em um tribunal na Alemanha. Finalmente, tudo foi organizado, e em
abril de 1521, o "santo imperador romano", Carlos V foi à pequena
cidade de Worms, na Alemanha, onde ele havia convocado uma assembléia imperial.
Lá em Worms, estavam unidos os bispos, arcebispo,
príncipes do Império, representantes das cidades livres e bem no alto, acima de
todos esta o augusto Carlos V, Rei da Espanha e 'santo imperador de Roma'.
Diante daquela assembléia imponente esta o humilde
monge Agostiniano, Martinho Lutero, vestido com seu capuz de monge, de pé
diante de uma mesa onde estavam folhetos e tratados escritos e publicados por
ele. Johaun Von Eck, assistente do Arcebispo de Trier, que serviu como
interrogador, mandou Lutero reconhecer o material como sendo seu mesmo, e
Lutero assumiu a autoria de todo o material. Eck também perguntou se o teólogo
iria se retratar das "heresias" que havia publicado. Percebendo a
importância da sua postura, Lutero pediu um tempo para escrever uma resposta
formal. Foram-lhe concedidas 24 horas para preparar a sua resposta e no dia
seguinte ele estava diante da Assembléia e pronunciou o discurso que mudou o
curso da História e modificou a Igreja para sempre. O mundo e a Igreja jamais
voltaram a ser os mesmo depois que Lutero fez a sua declaração arrebatadora.
Um simples monge e um teólogo obscuro, sem fortuna ou
poder, Lutero ficou diante dos governantes da Alemanha e disse: "Desde que
vossa serena majestade e vossas senhorias buscam uma resposta simples, eu a
darei assim, sem chifres nem dentes. A menos que seja convencido pelo
testemunho das Escrituras ou por mera razão (pois não confio nem no papa nem
nos concílios somente, pois é bem sabido que eles freqüentemente erram e se
contradizem), eu estou atado pelas Escrituras que já citei, e a minha
consciência é escrava da Palavra de Deus. Eu não posso e não irei me retratar
de nada, já que não é seguro nem correto agir contra a consciência".
Lutero talvez estivesse ali tremendo, pois ele sabia
que havia arriscado sua vida por Jesus Cristo. Outros que haviam tomado este
tipo de atitude antes de Lutero haviam sido queimados como traidores. De fato,
o reformador John Hus havia sido queimado por ordem do Concílio de Constança
100 anos antes, e entre os crimes que o levaram a morte, foi ter protestado
contra a venda de indulgências!
Ao defender o seu ponto de vista diante daquela
Assembléia, Lutero sabia que a sua vida corria um grande risco. O imperador, em
favor de Lutero, manteve a sua palavra de que Lutero poderia ir até Worms e
sair de lá em segurança, mas a partir daquele momento seria considerado herege
diante da Igreja e um fora-da-lei aos olhos do imperador. Lutero havia
proclamado o princípio que estava destinado a ecoar através dos tempos, o
princípio de SOLA SCRIPTURA. Aqueles que acreditam como ele, anda defendem só
as Escrituras e, como Lutero, as suas consciências estão "presas à Palavra
de Deus".
Pouco depois do protesto de Lutero e de ter iniciado a
Reforma da Igreja na Alemanha, outros, em várias partes do mundo cristão,
também se voltaram para a Bíblia e nela descobriram as verdades que haviam
ficado obscuras através dos séculos de tradições eclesiásticas. Nas montanhas
da Suíça, João Calvino surgiu como um líder da Reforma. Ele, como Lutero, se
tornou um fervoroso estudante da Bíblia, e para ele, também, a Escritura era a
autoridade suprema. Calvino, falando a respeito do Livro Sagrado, disse:
"Os profetas não falavam por vontade própria,
eles eram instrumentos do Espírito Santo usados para dizer apenas o que era
enviado dos céus". Os protestantes suíços, como seus irmãos alemães, eram
protestantes verdadeiros pois sempre exigiam que cada assunto fosse testado
pela autoridade de SOLA SCRIPTURA.
Eles também não confiavam nos papas nem nos concílios,
pois as suas consciências estavam cativas ou presas à Palavra de Deus. O
Protestantismo genuíno em qualquer lugar declara que a Bíblia, unicamente a
Bíblia, é a autoridade da fé cristã e de prática de vida, pois esta é a fé dos
nossos pais, "a fé que uma vez por todas foi entregue aos santos".
(Jd.3)
Entre as declarações protestantes de confiança na
verdade e na confiabilidade das Escrituras, a da confissão de Fé de New
Hampshire é majestosa e inequívoca. Aquela afirmação batista diz: "Nós
cremos que a Bíblia Sagrada foi escrita por homens divinamente inspirados, e
que é um perfeito tesouro de instrução celestial; que Deus é o seu autor, a
salvação o seu propósito, e a verdade, sem qualquer mistura de erro em sua
essência revela os princípios pelos quais Deus irá julgar-nos, e então é, e irá
permanecer até o fim do mundo, o verdadeiro centro da união cristã, e o padrão
supremo pelo qual toda a conduta humana, credos e opiniões devem ser
testadas".
Com esta afirmação retumbante de SOLA SCRIPTURA todos os
verdadeiros cristãos irão concordar. SOLA SCRIPTURA é o fundamento
indispensável da fé cristã. Se a Igreja do século XX não for fiel em proclamar
SOLA SCRIPTURA, chegou a hora de outro protesto, um protesto contra os projetos
humanos e a favor da Palavra de Deus.
Autor: Pr. James E. McGoldrick
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