Revelação à mesa de jantar
É noite de Páscoa. Jesus e seu círculo íntimo de seguidores estão jantando
no Cenáculo. Têm muito para celebrar. Os eventos que os levaram até essa
refeição confirmaram, para os discípulos, que Jesus é o Messias há muito
esperado. Estão convictos de que até amanhã, se não antes, Jesus dará sua palavra
e iniciará o novo reino. É um reino do qual esperam, avidamente, participar.
A atmosfera está carregada de eletricidade. Mas Jesus passa a fazer uma
série de afirmações perturbadoras. Um dos discípulos o trairá. Outro o negará.
Ele está indo embora e eles não poderão ir com ele. A revelação final, mais
perturbadora, é que "o príncipe deste mundo" está para chegar - e não
é Jesus.
Os homens estão sem palavras. Momentos atrás eles viviam a expectativa de
um grande futuro. Agora Jesus parece estar dizendo que isso não vai acontecer.
Todos os planos e sonhos vão por água abaixo.
No fim da noite Jesus diz: "Levantem-se, vamos embora daqui".
Enquanto os conduz através da noite, perguntas e dúvidas invadem as mentes. A
luz das lamparinas e tochas, eles o seguem em silêncio pelas ruas sinuosas de
Jerusalém, até um portão mais baixo da cidade, para longe, até o vale do
Cedrom.
Aqui, andam por entre vinhedos antigos, cuidados durante muitas gerações e
famosos por sua produção. Jesus e seus seguidores encontram o caminho entre as
fileiras de videiras em direção a seu destino: o Jardim de Getsêmani, ali perto
na colina.
Foi nessa vinha, acreditam muitos estudiosos, que Jesus parou para
transmitir, aos discípulos, a mensagem de partida. E aqui, como tantas outras vezes,
Jesus aplicou uma ilustração conhecida, de coisas da terra, para transmitir
verdades espirituais eternas. Antes ele falara de água, cordeiros, moedas,
filhos fugitivos, e pão. Desta vez, Jesus falou de frutos: "Eu sou a
videira, vós, os ramos" (Jo 15:5).
Enquanto
falava, creio que ele apontava para um ramo, para folhas, para uma videira. Mas
olhava direto para seus amigos. A cada palavra, pensava em seu amor por eles,
nos desafios que enfrentariam, no futuro surpreendente e específico que Deus
tinha planejado para cada um deles.
Creio também que ele pensava em você, em mim, em nós.
(Darlene Wilkinson)
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