Você não é obrigado a morrer no deserto
Há pouco
tempo atrás, comecei a elaborar o esboço de um livro sobre o sofrimento dos
santos de Deus. Eu quis encorajar os cristãos em relação à fidelidade que o
Senhor tem mostrado ao Seu povo no meio das provações. Desde então, muitos
leitores têm me escrito, testemunhando sobre como Deus tem lhes dado graça em
momentos de sofrimento. Uma senhora escreveu sobre uma longa provação física:
“Doze anos
atrás, eu e meu marido nos aposentamos, e Deus nos impulsionou às nações como
mssionários evangelistas. Durante aquele tempo, viajamos por mais de trinta
países. Muitas vezes ministramos sob circunstâncias terríveis, mas o Senhor
sempre nos conservou com boa saúde e nos agraciou com resistência
sobrenatural."
“Então, março
passado, fui atacada por uma doença desconhecida particularmente séria. Nós
tínhamos visto essa calamidade tocar multidões de pessoas a quem ministramos em
regiões remotas. A doença causa dor e inchaço nas mãos. Diversos especialistas,
contudo, não puderam identificar a causa exata do doloroso inchaço nas minhas
juntas; eles simplesmente coçavam a cabeça confusos."
“Eu clamei a
Deus, mas o céu parecia estar em
silêncio. O tempo todo, nunca senti Sua presença perto de
mim. Passei nove meses solitários num deserto de dor e incerteza. Em dezembro
de 1999 a
dor tinha me cobrado seu preço, física e mentalmente. Eu estava exausta e quase
não conseguia dormir. E estava perdendo terreno espiritualmente. Aqueles foram
alguns dos dias mais negros da minha vida. Eu não sabia se conseguiria ver o
novo século”.
“Então uma
manhã, despertei com a luz do sol invadindo meu quarto. Percebi que tinha
dormido a noite toda pela primeira vez. Meu primeiro pensamento foi, ‘Eu não
sinto dor alguma’. Eu tive medo de contar ao meu marido. Continuei esperando
que a dor voltasse, mas ela não voltou”.
“Percebi que
enquanto eu dormia, Deus estava trabalhando. E senti que Ele tinha dito ao
diabo, ‘Chega, é suficiente.’ Agora um ano se passou, e continuo livre de toda
a dor. Os registros do meu médico têm essas palavras escritas: ‘milagre
misterioso.’ Eu tenho mais força do que já tive algum dia. Eu saí do meu
deserto repousando nos braços do meu amado Jesus, e confiando em Sua palavra”.
É inspirador
para a nossa fé ler testemunhos como esse, nos quais crentes emergem de seus
sofrimentos no deserto, regozijando-se na fidelidade de Deus. Eles falam de
dores terríveis, provas, calamidades, tragédias, provações que parecem nunca
ter fim. Primeiro suas esperanças são elevadas, daí então eles são frustrados;
experimentam rompantes súbitos de força sobrenatural, mas depois são subjugados
por um medo terrível. E perguntas importurnas inundam suas mentes: “Por que
esta desgraça veio para mim? Será que Deus está me julgando por algum pecado do
passado? Por que minhas orações não estão sendo respondidas? Eu tenho jejuado e
orado, mas não ouço nada. Por que?”.
Eles podem ter
oscilado durante a provação, e quase desfaleceram. Mas em meio a tudo isso,
eles guardaram a fé. Como? Foi porque permitiram que os sofrimentos os
direcionassem para seus joelhos. Como resultado, sua confiança no Senhor
somente aumentou. Eles saíram do deserto testemunhando a bondade e o poder de
libertação de Deus.
Quero lhe
dizer o seguinte: eu nunca ouvi falar de tamanho sofrimento no meio do povo de
Deus. Minha esposa Gwen e eu, ficamos atônitos com as cartas que temos lido.
Nós sempre dizemos um ao outro, “Você alguma vez já ouviu falar de algo assim?
O sofrimento dessa pessoa é inimaginável”.
As pessoas
descrevem serem acometidas por doenças terríveis e mortais. Famílias estão se
desintegrando, com maridos e esposas se divorciando, filhos rebelando-se e
voltando-se para as drogas. Outros escrevem estarem num deserto mental ou
espiritual. Enfrentam depressão, medo, ansiedades de todos os tipos. Alguns
carregam o peso de dificuldades financeiras e dívidas acumuladas. E agora o
estresse os levou a um deserto de desespero.
Um homem que
perdeu um ente querido numa tragédia escreve, “Eu tremo cada vez que o telefone
toca. Eu penso, ‘Serão mais notícias ruins?’ É preciso apenas um telefonema”.
Uma piedosa
mulher conta sobre a vez que recebeu esse tipo de ligação. Ela diz:
”Somos uma família fiel e crente na Bíblia, e participamos dos cultos
regularmente. Na época de nossa provação, nosso três lindos garotos tinham 7
anos, 3 anos e 14 meses. Meu terrível telefonema veio em 26 de Agosto de 1996.
Meu marido tinha caído de uma altura de mais de onze metros, de um telhado que
estava consertando".
“Ele precisou
fazer uma cirurgia de reparação de um fêmur e um cotovelo quebrados. A última
coisa que ele disse para mim antes da operação foi, ‘Diga às crianças que as
amo, e verei todos vocês de manhã’. Mas durante a cirurgia, os médicos
enfrentaram complicações. De manhã meu marido estava em coma”.
“Minha fé me
dizia que ele estava descansando, e logo estaria de volta conosco. Mas treze
dias depois - depois de muitos procedimentos, de transferência para o melhor
hospital, e uma corrente de oração por todo o Estado - o Senhor levou meu
marido”.
“Tudo parecia
ir tão bem para nós. Então de repente, nosso mundo desabou. Jesus nunca disse
que os cristãos não teriam que enfrentar tribulação, não é? Agora, criando
sozinha três filhos eu pude comprovar isso”.
“Apesar disso,
através do ocorrido, os meus filhos adquiriram um desejo incomparável pelo céu.
Agora não somente eles possuem um Deus Pai os esperando no céu, mas também têm
seu pai terreno os aguardando lá, e isto tem transformado suas vidas. Louvamos
a Deus agora, após Ele ter levado seu papai salvo para o céu. É o objetivo para
todos nós algum dia”.
Essa mulher
saiu do seu deserto também apoiando-se nos braços de Jesus. Contudo muitos
cristãos parecem nunca encontrar o conforto, a consolação e a força de Deus.
Deixe-me lhe perguntar: como você tem enfrentado suas provações no deserto?
Talvez você esteja passando por uma agora mesmo.
Talvez seu
deserto seja o Vale da Morte. Você ouviu as palavras do médico: "É câncer.
Maligno". Ou, talvez alguém da família tenha recebido diagnóstico de uma
enfermidade incurável; você compartilha da dor de inúmeras outras pessoas que
suportam horas e horas de espera numa sala de hospital, chorando e clamando em
silêncio por um milagre.
Talvez o seu
deserto seja uma depressão profunda. Todo dia você tem medo de acordar porque
uma nuvem negra está continuamente sobre você. Seu clamor constante é, “Senhor,
me ajude. Eu não posso mais suportar isso”. Quando vai à igreja, você faz
o melhor possível para mostrar um sorriso. Mas por dentro, você está
atravessando o inferno. Você jejuou, orou, buscou a Deus por dias, semanas,
meses. Mas Deus não parece estar respondendo sua oração.
Às vezes,
todos nós acabamos num deserto. Eu poderia escrever um livro sobre as muitas
provações de deserto que suportei em minha vida. Apesar disso, muitos cristãos
recusam-se a aceitar que o deserto inevitavelmente chega para todos nós. Eles
acham que esse tipo de conversa indica falta de fé. Conheço um pastor que disse
à sua congregação, “Minha fé me imunizou dos males. Eu amarrei toda a dor e
desgraça em nome de Jesus. Eu simplesmente recuso tudo isso”.
Eu não desejo
mal a ninguém, mas sem dúvida este homem está dirigindo-se para um deserto. A
convicção dele simplesmente não se alinha com as Escrituras. Davi escreve,
"Salva-me, ó Deus, pois as águas me sobem até o pescoço. Atolei-me em
profundo lamaçal, onde não se pode firmar o pé; entrei na profundeza das águas,
onde a corrente me submerge. Estou cansado de clamar; secou-se-me a garganta;
os meus olhos desfalecem de esperar por meu Deus" (Salmos 69:1-3) .
A Bíblia é
clara sobre isso. Mesmo o mais piedoso dentre nós passa por profundas provações
no deserto. A pergunta é: de que modo sairemos dessas experiências? Nós podemos
ter certeza que nossa experiência no deserto irá provocar mudanças em nós. Afinal de contas,
é somente no deserto que nossa fé é colocada à prova. Então, a provação que
você está vivendo hoje está lhe mudando para melhor ou para pior?
Por David Wilkerson, 04 de Junho de 2001
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