O Jumentinho e a BMW
"Naqueles
dias veio Jesus de Nazaré da Galiléia..." (Mc 1.9).
Certo
líder religioso possuía um carro BMW.
O
que chocou não foi a BMW. A liberdade de ter ou não ter é garantida pela nossa
constituição. O que chocou foi o argumento usado para ter a BMW. A resposta
daquele líder foi:
1.
Digno é o trabalhador do seu salário. 2. Jesus, quando entrou em Jerusalém,
usou a BMW da época (a jumentinha), e esta BMW era zero quilômetro (adendo
feito pela esposa do líder), e 3. É preciso ter gente de posse nas igrejas para
ajudar os outros, porque o próprio Jesus quando morreu, se não tivesse um rico
como José de Arimatéia, não teria onde ser enterrado.
Consideremos
os argumentos. Conceitua-se erroneamente a dignidade do trabalhador cristão, porque
a dignidade não está relacionada com a riqueza exterior, e sim com a interior.
Se a riqueza fosse o parâmetro para julgar os pastores, quase todos seriam
indignos e indolentes, porque são bem poucos os que possuem o privilégio da
BMW. A Bíblia está cheia de exemplos de pessoas que receberam a morte e o
desprezo como paga pelo trabalho (Jesus, Jeremias, Paulo, João, Elias, a lista
em Hebreus 11).
Afirmar
que Jesus usou uma BMW da época é exagerar demais o status de uma simples
jumentinha. Como explicar que ele, que nasceu pobre, viveu pobre e andou com
pobres, tivesse condições de usar uma BMW? Isso é incoerente com o ministério
de Cristo. Esse argumento é ridículo para as pessoas de bom senso.
Que
bom seria se nós tivéssemos mais gente de posse nas igrejas para compartilhar
com outros. Essa idéia de ficar rico para ajudar os outros só existe enquanto a
riqueza é um sonho, porque quando ela se materializa, o compartilhar cai no
esquecimento. As exceções existem, é verdade.
Se
você tem, diga que tem. Se você não tem, diga que não tem. Não fique usando de
argumentos tolos para justificar o que você tem e o que você não tem.
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