A HISTÓRIA DE ISRAEL - CENÁRIO PARA O SERMÃO DO MONTE
Tudo
isso constitui um cenário essencial para se compreender o SERMÃO do Monte. A
Sermão encontra-se no Livro de Mateus, logo no começo do ministério público de
Jesus. Imediatamente após o seu batismo e tentação, Cristo começou a anunciar
as boas novas de que o reino de Deus, há muito prometido no período do
V.Testamento, estava agora ás portas. Ele mesmo viera para inaugurá-lo Com ele
nascia a nova era e o reinado de Deus irrompia na História. “Arrependei-vos”,
clamava, “porque está próximo o reino dos céus.” (Mt.4:17) Na verdade, “percorria
Jesus toda a Galiléia, ensinado nas sinagogas, pregando o evangelho do reino”
(v23). O Sermão do Monte, então, deve ser visto neste contexto. Descreve o
arrependimento (metanoia, a total transformação da mente) e a retidão, que
fazem parte do reino; isto é, descreve como ficam a vida e a comunidade humana
quando se colocam sob o governo da graça de Deus.
E
como é que ficam? Tornam-se diferentes! Jesus enfatizou que os seus verdadeiros
discípulos, os cristãos do reino de Deus, tinham de ser inteiramente diferentes.
Não deveriam tomar como padrão de conduta as pessoas que os cercavam, mas sim
Deus, e assim aprovar serem filhos genuínos do seu Pai celestial. Para mim, o
texto-chave do Sermão do Monte é o 6:8 - “Não vos assemelheis, pois, a eles.” Imediatamente nos faz lembrar a palavra de
Deus a Israel, na antigüidade: “Não fareis como eles.” (Lv.18:3) É o
mesmo convite para serem diferente. E este tema foi desenvolvido através de
todo o Sermão do Monte. O caráter deles teria se ser completamente diferente
daquele que era admirado pelo mundo (as bem-aventuranças). Deveriam brilhar
como luzes nas trevas reinantes. A justiça deles teria de exceder á dos
escribas e fariseus, tanto no comportamento ético quanto na devoção religiosa,
enquanto que o seu amor deveria ser maior, e a sua ambição mais nobre do que a
dos pagãos vizinhos
Não
há um parágrafo no Sermão do Monte em que não se trace este contraste entre o
padrão cristão e o não-cristão. É o tema subjacente e unificador do Sermão;
tudo o mais é uma variação dele. Ás vezes, Jesus contrasta os seus discípulos
com os gentios ou com as nações pagãs. Assim, os pagãos amam-se e saúdam-se uns
aos outros, mas os cristãos tem de amar os seus inimigos 5:44-47); os pagãos
oram segundo um modelo, com “vãs repetições”, mas os cristãos
dever orar com a humilde reflexão de filhos de seu Pai no céu (6:7-13); pagãos
estão preocupados com as suas próprias necessidades materiais, mas os cristãos
devem buscar primeiro o reino e a justiça de Deus (6:23,33).
Em
outros pontos, Jesus contrasta os seus discípulos, não com os gentios, mas com
os judeu, ou seja, não com pessoas pagãos mas com pessoas religiosas;
especificamente com os “escribas e fariseus”. O professor
Jeremias, sem dúvidas, está certo ao dizer que são “dois grupos de pessoas totalmente
diferentes”, pois ___
1-“os
escribas são os mestres de teologia que tiveram alguns ano de estudo e
2-
os fariseus, por outro lado, não são teólogos, mas sim grupos de leigos
piedosos de todas as camadas da sociedade”
Certamente Jesus opõe a moral cristã
á casuística ética dos escribas (5:211-48) e a devoção cristã á piedade
hipócrita dos fariseus (6:1-18).
Assim, os discípulos de Jesus têm de
ser diferentes: tanto da igreja nominal, como do mundo secular; tanto dos
religiosos, como dos irreligiosos. O Sermão do Monte é o esboço mais completo,
em todo o N.Testamento, da contracultura cristã. Eis aí um sistema de valores
cristã o, um padrão ético, uma ambição, um estilo de vida e uma teia de
relacionamentos: tudo completamente diferente do mundo que não é cristão. E
esta contracultura cristã é a vida do reino de Deus, uma vida humana realmente
plena, mas vivida sob governo divino.
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